quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Maternidade, um emprego vitalício.


Por que a discussão realista sobre os problemas da paternidade causa tanto desconforto – e como ela pode ensinar os casais a sofrer menos.



"... A paternidade, que deveria ser o momento mais feliz da vida dos casais – de acordo com tudo o que aprendemos –, na verdade nem sempre é. Ou, melhor dizendo, não é nada disso. Para boa parte dos pais e (sobretudo) das mães, filhos pequenos são sinônimo de cansaço, estresse, isolamento social e – não tenhamos medo das palavras – um certo grau de infelicidade. Ninguém fala disso abertamente. É feio. As pessoas têm medo de se queixar e parecer desnaturadas. O máximo que se ouve são referências ambíguas e cheias de altruísmo aos percalços da maternidade, como no chavão: “Ser mãe é padecer no Paraíso”. Muitas que passaram pelo padecimento não se lembram de ter visto o Paraíso e, mesmo assim, realimentam a mística. Costumam falar apenas do amor incondicional que nasce com os filhos e das alegrias únicas que se podem extrair do convívio com eles. A depressão, as rachaduras na intimidade do casal, as dificuldades com a carreira e o dinheiro curto – disso não se fala fora do círculo mais íntimo e, mesmo nele, se fala com cuidado. É tabu expor a própria tristeza numa situação que deveria ser idílica.

A boa notícia para os pais espremidos entre a insatisfação e a impossibilidade de discuti-la é que começa a surgir um movimento que defende uma visão mais realista sobre os impacto dos filhos na vida dos casais. Seus adeptos ainda não marcham nas ruas com cartazes contra a hipocrisia da maternidade como um conto de fadas. Mas exigem, ao menos, o direito de falar publicamente e com franqueza sobre as dificuldades da situação, sem ser julgados como maus pais ou más mães por se atrever a desabafar. Por meio de livros e, sobretudo, com a ajuda da internet, eles começam a falar claramente sobre os momentos de angústia, tédio e frustração que costumam acompanhar a criação dos filhos. Nas palavras da americana Selena Giampa, uma bibliotecária de 35 anos, dona do blog Because Motherhood Sucks (A maternidade enche...), “a maternidade está cheia de momentos de pura felicidade e amor. Mas tudo o que acontece entre esses momentos é horrível. Amo ser mãe, de verdade. Mas tenho de dizer a vocês que, assim como qualquer outro emprego, muitas vezes eu tenho vontade de pedir as contas”. Com uma notável diferença: ninguém pode se demitir do emprego de mãe ou de pai. Ele é vitalício..."

 “Não falar sobre a parte ruim da maternidade só aumenta o drama dos pais e as expectativas irrealistas de quem ainda não é”.

Fragmento da matéria Filhos e felicidade - Revista Época - 19/10/2012



Sou a favor deste papo. As pessoas precisam saber que não é fácil, que não é um conto de fadas, mas que é... Mágico!

Tentei definir a maternidade: responsabilidade, compromisso, dedicação, isolamento, sufoco, exaustão, descobertas, encontro, continuidade, realização, plenitude, amor, alegria, diversão, magia... mas a lista é infinita. Sentimos tantas coisas, enfrentamos tantas coisas, sobrevivemos à tantas coisas. Então, por que será que somos capazes de repetir esta experiência e, por vezes, mais de uma vez? Por uma simples questão de pesos e medidas. Colocamos na balança e vemos que vale a pena!

Vou esperar até que o seu bebê olhe assim para você para então batermos este papo. Podemos até cuspir cobras e lagartos mas, com certeza, teremos sorrisos estampados nos rostos e lagrimas nos olhos!



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